segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Resenha - Prodigy de Marie Lu


Considerada uma das melhores distopias já escritas, Prodigy, sequência de Legend de Marie Lu, lançado no Brasil pela Editora Prumo mostra que tem caráter para receber um elogio assim. Além de vermos a evolução da escrita da autora, a trama se torna mais eletrizante, assim como o romance entre os personagens principais. Do começo ao fim, Prodigy é permeado de ação, e o seu desfecho nos faz ficar atônitos diante do rumo que Marie irá seguir.


Após a leitura de Legend, um livro considerado curto, uma introdução ao mundo distópico militar criado por Marie Lu, que nos apresenta a prodígio da República, June, e a lenda e o criminoso mais procurado do país, Day, o leitor fica com a vontade de querer mais, e Prodigy é uma das melhores sequências já escritas e cumpre o seu papel ao brindar o leitor com uma trama digna de cinema. Após os fatos que ocorreram no primeiro livro e a colisão dos dois personagens principais que agora duvidam das intenções do governo da República, June e Day viajam para Las Vegas em busca dos Patriotas, uma organização rebelde infiltrada no país, que quer, à todo custo, a volta do antigo governo, chamado de Estados Unidos. Mas para se refugiarem na organização, June e Day precisam pagar um preço: assassinar o novo Primeiro Eleitor, o líder da nação. Com a promessa de poder resgatar seu irmão mais novo, Éden, Day decide se juntar à causa, e cabe à June retornar à República e enganar Anden, o Eleitor, e leva-lo até o local do crime. Mas ao chegar lá, June vê uma nova faceta do governo: e se Anden for a promessa de uma liderança melhor que dará mais liberdade as classes pobres? E se os Patriotas estão enganados? Quem realmente é o inimigo? Dessa forma, June e Day, que um dia estiveram em pólos opostos, estarão tão próximos. Tão próximos do caos.

"Tudo que me era familiar não existe mais."
Página 47 

É difícil caracterizar a experiência de leitura de Prodigy. Uma coisa é notável: esse segundo volume da série é muito mais denso que Legend, tanto que os POVs dos personagens são maiores e tem mais páginas. Mas não é só por isso. Aqui temos mais conflitos interiores, onde os protagonistas repensam suas escolhas e suas ações, sendo que um movimento em falso poderá ser o fim de uma nação ou desencadeará uma série de revoluções. Mas Prodigy nos mostra como a lealdade é algo que não se brinca. June, que cresceu no governo militar da República, alcançou a nota máxima na Prova e se tornou o prodígio da nação, agora tem que se rebelar contra o sistema e destruir aquele a quem jurou total proteção. Mas mesmo sendo uma personagem que age quase mecanicamente, trabalhando com fatos e não suposições, June se pergunta quem realmente é o inimigo, se os Patriotas não estão equivocados. Mas existe Day, que neste livro só está focado em seu irmão Éden, que está sendo usado como arma biológica no front, na guerra contra as Colônias. Day já perdeu tudo em sua vida, e não hesita em se juntar à causa dos Patriotas, e, ao contrário de June, ele não confia mais na República e age por impulso.

"A simples lembrança do seu nome me faz respirar com dificuldade. Fico quase constrangido com minha reação. June e eu somos uma boa dupla? 'Não' é a primeira palavra que me vem à cabeça. Mesmo assim..."
Página 101 

Com personagens tão complexos assim e uma trama que a medida que se desenrola, como uma bola de neve que só tende a aumentar, Marie Lu foi feliz em dar novos rumos para a história. Conhecemos quem são os Patriotas e seus ideais, e além disso, a autora nos explica o que aconteceu para que o mundo ficasse daquele jeito: inundações que dizimaram continentes, reduzindo-os à pequenas ilhas. E ainda neste livro temos um vislumbre do sistema das Colônias, mas parece que as coisas não são tão legais por lá...

"- Até aqui, tudo bem. Lembre-se de quem é o inimigo. - Ela sai do quarto e uma outra guarda a substitui."
Página 128 

Cheio de ação e com cenas de tirar o fôlego, a autora ainda consegue dar uma luz aos personagens secundários. Temos uma evolução de Tess, a amiga doce, meiga e fiel de Day, que agora decide revelar seus verdadeiros sentimentos por ele, apesar de eu achá-la um pouco egoísta demais. Kaede, uma exímia piloto de aviões e que se torna uma grande aliada de June e Day. Dos Patriotas, há o líder, Hazor, um homem difícil de se confiar... Pascao, outro Patriota e que na maioria do tempo quer flertar com Day sem nenhuma vergonha na cara. E Anden, o novo Primeiro Eleitor, um jovem ainda e que ainda não ganhou a lealdade do Senado, e que corre risco de perder a vida à qualquer momento. E não são apenas os Patriotas interessados nisso...

"- Você não tem nada grave - afirma num tom monótono ao virar as costas para mim. Para em frente à porta e, ainda de costas, diz: - Confie em mim, Day. Estou falando isso para o seu bem. June ainda vai partir seu coração. Ela vai despedaçar você em um milhão de pedaços."
Página 190 

Mas o melhor que Prodigy nos oferece são as revelações bombásticas! Sério gente, Marie Lu está de parabéns por ter construído uma distopia tão criativa como essa, e à medida que vamos descobrindo o que há por baixo da história, nos dá a vontade de querer saber mais ainda. Algumas revelações são tão chocantes, que não esperávamos por aquilo. Mas além das revelações, o final possui um gancho de arrepiar para o próximo livro e último, Champion, que será ainda lançado esse ano nos EUA. Após a revelação no final do livro, é impossível criarmos uma teoria do que a autora irá fazer no último livro da trilogia, então só nos resta esperar - a Prumo confirmou que o livro saíra por aqui só em 2014.

"Day me abraça mais forte. Sua mão acaricia meus cabelos e ele me embala suavemente, como se eu fosse uma criança. Aferro-me desesperadamente a ele, incapaz de recuperar o fôlego, sufocada pela febre, pelo sofrimento e pelo vazio."
Página 240 

Quanto à edição da Prumo, assim como a de Legend, está muito bonita. O brilho na capa ressalta o desenho do falcão - símbolo das Colônias. Só senti falta é do efeito esfumaçado na borda das páginas. Em Prodigy está quase apagado, mas nada que incomode a leitura. Além disso, nos capítulos de Day, o falcão da capa o acompanha, enquanto June ficou sem nenhuma insígnia.

"O vento fustiga meu rosto e sibila nos meus ouvidos, me obrigando a ajustar minha postura constantemente. Eu poderia morrer agora mesmo. Não tenho como saber se os soldados no alto dos edifícios vão me derrubar a tiros antes que eu possa me abrigar com segurança atrás da parede de vidro blindado de uma varanda, a alguns metros acima do resto da multidão. Talvez reconheçam quem sou eu e não atirem."
Página 278 

Enfim, UFA! Prodigy foi uma leitura e tanto, e nem tenho palavras para expressar o quanto estou animado para concluir essa trilogia. Marie Lu deixou para trás toda aquela narrativa de iniciante, e nessa sequência ela aprofundou seus personagens e tornou mais palpável a trama. Mas agora a pergunta que não quer calar: o que você fará em Champion? Para concluir: esse livro merece a nota máxima!

"Anden pode ser o homem mais poderoso da República, mas Day, o garoto das ruas que não tem nada além da roupa do corpo e da seriedade no olhar, é o dono do meu coração.
Ele é tudo o que é belo.
Ele é o raio de esperança em um mundo de escuridão.
Ele é a minha luz."
Página 301 

***

Ficha do Livro:

Título: Prodigy (Prodigy - Legend #2)
Autora: Marie Lu
Tradução por: Ebréia de Castro Alves
Editora: Prumo
Páginas: 303
Lançamento: Agosto de 2013








Sobre a Autora:

Marie Lu formou-se na Universidade do Sul da Califórnia e logo começou a trabalhar na indústria de vídeo games, como programadora de Flash na divisão de jogos eletrônicos da Disney, a Disney Interactive Studios.

Hoje ela é escritora em tempo integral. Nas horas vagas, ou quando não está presa em engarrafamentos, ela gosta de ler, desenhar e jogas Assassin's Creed. Ela mora em Los Angeles, na Califórnia - por isso os engarrafamentos - , com um namorado, um Chihuahua vira-lata e dois cachorrinhos da raça Wlsh Corgi Pembroke.

Você pode conhecer mais sobre a autora em www.marielu.org




Outras Capas:


A Trilogia:

  

2 comentários:

  1. Eu gostei mais de Prodigy que de Legend, mas ainda assim não acho a série genial. Não sei a sua edição, mas a minha estava CHEIA de erros de digitação, ortografia e edição =/

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  2. Eu ainda to em choque com uma frase, você deve saber qual é, que tem nesse livro. Série, me desestruturou a possibilidade da autora fazer o que penso que ela vai fazer. Não quero isso!!!!

    Legend foi uma surpresa e tanto, assim como esse livro. A trilogia já é uma das minha favoritas e defendo ela com tudo o que posso. Aguardando o final com o coração na mão!!!!

    Bjs, @dnisin
    www.seja-cult.com

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