sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Resenha - O Olho do Mundo de Robert Jordan


Desde O Senhor dos Anéis de Tolkien, é difícil encontrar uma obra de fantasia tão elaborada, e é possível contar nos dedos aquelas que nos surpreendem - como As Crônicas de Gelo e Fogo de Martin e As Crônicas de Nárnia de Lewis. Mas a saga A Roda do Tempo, recentemente relançada aqui no Brasil pela Intrínseca, mostra, em seu primeiro volume, O Olho do Mundo, que pode abrir ao leitor um novo mundo extraordinário e atraente. Uma obra rica, é o que define.


"- Há de ser o que a Roda tecer."

O Olho do Mundo -  e sua continuação - já havia sido lançado no Brasil, pela agora extinta Caladwin, mas só agora ganhou sua visibilidade, e como bom leitor de literatura fantástica, não podia perder a novidade. Como é um livro com 800 páginas, e primeiro volume de uma saga de 14 livros, não contarei muito sobre o enredo, apenas o necessário. Conhecemos o jovem camponês dos Dois Rios, Rand al'Thor, que vive uma vida pacata em sua vila, que é isolada do mundo e perdeu o contato com outras nações. Perto do festival de primavera, chamado Bel Tine, uma estranha mulher chega à aldeia, Moiraine, juntamente com um homem chamado Lan. O que poderia ser um tempo de festa, se não fosse o inverno ainda persistente, torna-se pior quando a vila é atacada por trollocs, criaturas humanoides feitas para matar. Rand e seus amigos, se juntam em uma fuga liderada por Moiraine, que lhes revela quem é e diz que o Tenebroso - a personificação do mau - está atrás de um deles. Uma jornada se inicia para os jovens, que até então, só conheciam os limites de sua aldeia.

Com uma premissa instigante, eu confesso que já tinha expectativas elevadas, por também ter lido muitas críticas positivas que só me tornaram mais empolgado ainda. Logo no começo, identifiquei muitas referências à Tolkien, semelhanças até bobas, mas nada que atrapalhe a leitura. Mas ao passar de algumas páginas, Jordan fisga o leitor de tal maneira, que me senti perdido entre as páginas, devorando cada palavra, até quando a trama diminuía o seu ritmo. Eu acreditava que a leitura seria demorada, mas as 800 páginas passaram rapidamente por mim, em uma leitura satisfatória.


O primeiro ponto que quero tratar, é o universo criado por Robert Jordan, que encantará os leitores assíduos de fantasia, e até mesmo, os jogadores de RPG, por ser tão rico, e que só uma parcela - ainda que grandiosa - é tratada neste primeiro volume. Como pode-se ver no mapa acima, dá pra ter uma ideia do território em que a história se passa - e se passará pelos próximos volumes. Além disso, não só a parte geográfica da história que atrai, como também a mitologia criada. Seres como trollocs, myrddraal, mashadar, draghkar, ogier e etc., mostram que Jordan se preocupou em criar algo original e de sua própria autoria, e que marca a memória do leitor. Posso dizer que os cenários descritos pelo autor, as sequências de ação, são únicas, beirando a perfeição.

"Os olhos de Ba'alzamon rugiram como duas fornalhas. Seus lábios não se moveram, mas Rand achou tê-lo ouvido praguejar contra Aginor. Então os fogos morreram, e aquele rosto humano comum sorriu de um jeito que gelava até mesmo através do calor da Luz."
Página 762 

Com uma trama bem delineada neste primeiro volume, o autor tem uma narrativa dosada, sabendo que até nos momentos mais calmos, não se pode perder o ritmo. Há pausas na trama para respirar, mesmo que o próximo capítulo revele um obstáculo mais tenso para os personagens. E com uma narrativa instigante, pode-se elogiar a descrição rica em detalhes do autor, nos inserindo nos cenários, até aqueles inimagináveis.

"O Myrddraal pareceu hesitar quando os humanos surgiram no topo da coluna, mas no instante seguinte ele sacou uma espada com a lâmina negra da qual Rand se lembrava de modo tão nauseante, e a brandiu sobre a cabeça. A fileira de Trollocs avançou."
Página 276 

A edição da Intrínseca está de parabéns, e tudo o que me vem à mente para descrevê-la em uma palavra, é elegante, e isso talvez se deva pela própria capa, que possui um brilho dourado no nome do autor e na serpente - e não é aquele metalizado que descasca com o tempo! A diagramação e a revisão estão ótimas, além de a cada início de capítulo, e ao término deles, há uma pequena ilustração, que deixa a parte gráfica mais linda ainda. E ao final do livro, existe um glossário explicando termos, personagens, lugares e a mitologia da história. Um belo trabalho!

"- Depressa - disse ela baixinho - O tempo está se esgotando.
Ele sabia que ela não estava mais falando da hora de partirem."
Página 662 

Bem, ao desfecho do livro - que é extraordinário e fecha com chave de ouro este primeiro volume - Jordan soube deixar o leitor angustiado pela sequência, que promete ser bem melhor do que seu antecessor. A Grande Caçada, o livro dois, já havia sido lançado aqui no Brasil, mas as edições já se esgotaram e é difícil encontrar algum exemplar à venda, mas a Intrínseca se comprometeu á publicar de 6 em 6 meses os próximos volumes. Resta esperar, e enquanto isso, aos que já leram, recomendar!

Para mais informações, curta a fan page da saga, Wheel of Time Brasil.

***

Ficha do Livro:

Título: O Olho do Mundo (The Eye of the World #1)
Autor: Robert Jordan
Tradução por: Fábio Fernandes
Editora: Intrínseca
Páginas: 800
Lançamento: 2013
Gênero: Fantasia, Ficção, Aventura







Outras Capas:

  

16 comentários:

  1. Eu nem imaginava que esse livro era sobre isso, eu tenho me ausentado um pouco da questão de saber mais sobre livros pois logo vou embora e não quero aumentar a lista de não lidos, mas sabe aquela necessidade de colocar esse livro na minha estante? é eu estou com ela agora! Adorei a resenha.

    beijos, Lu
    Lendo ao Luar

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    1. É um livro fantástico mesmo, e uma ótima leitura. Super recomendo :D

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  2. Oi Joshua,
    Acho que essa é a primeira resenha desse livro que eu leio. Como eu já te disse no Twitter, eu sou louco pra ler essa série, mas o número de página e a quantidade de volumes me intimidam um pouco, devido as outras leituras que tenho pendentes por aqui.
    De qualquer forma adorei o que você escreveu sobre o livro, só me deixo um pouquinho mais curioso, rsrs
    Abraços
    Cooltural

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    1. Concordo nisso também. A maioria dos leitores se sentirão intimidados com os 14 volumes, até mesmo porque, cada um deles varia de 800 à 1000 páginas, então se comprometer assim é uma decisão difícil de se fazer. Mas a leitura é totalmente válida, e caso haja oportunidade, leia o mais rápido possível, pois é impossível não mergulhar no universo fantástico de Jordan!

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    2. A história é tão cativante que você lê e nem vê o tempo passar. Jordan conseguiu criar algo tão bom que até eu to surpresa de ter gostado tanto após algum tempo abandonando quase todos os livros que pegava pra ler por não serem tão bons assim.

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  3. A fantasia é um gênero muito importante para mim. Infelizmente, nos últimos tempos não tenho lido muitos livros do gênero.

    A roda parece vir para se colocar entre os grandes exemplares do gênero - o rol da alta fantasia. Achei a premissa do livro bem interessante, e caso apareça a oportunidade com certeza irei ler.

    Abraços
    Juan - sempre-lendo.blogspot.com.br/

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    1. É um livro excelente mesmo, mas pena que só agora está tendo visibilidade. Mas espero que faça sucesso.

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  4. Eu admito que o livro deve ser ótimo, mas eu sou uma pessoa mais sucinta. Eu acho que, por melhor que seja uma história, certas coisas precisam ficar na medida. 14 livros??? Isso é um exagero, mesmo que haja muita história para contar. Talvez eu leia mais para frente, mas a perspectiva de 14 livros me desanima.

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    1. Lu, por isso mesmo. É muita história para contar e ficaria superficial resumir tudo em uma trilogia. Te afirmo que este primeiro volume é sensacional, e a história é grandiosa - e tem muito mais pela frente. Já li relatos de leitores que já concluíram a saga que é extraordinária. Um exemplo é A Guerra dos Tronos, com seus cinco livros - imensos, cada - e que não seria a mesma coisa caso fosse uma trilogia. Não é mesmo?

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    2. Isso é verdade, mas mesmo assim, eu acho que prefiro 5 ou 6 livros gigantes a 14 livros mais curtos. Eu não sei, posso muito bem estar errada, mas eu me sinto meio traída com essas séries longas demais. Mas enfim, não dá para julgar um título com base num panorama geral.

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  5. Tbm fiquei mto encantada com esse livro, mas confesso que saber que são 15 livros me desanima, mas vou ler devagar e sempre ;)
    Adorei as descrições, mas tinha uns momentos meio repetitivos...rs

    Andy_Mon Petit POison

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    1. Também, haha, mas o intervalo de 6 meses aqui no Brasil é ótimo para dar uma respirada e se preparar para o próximo volume. Pelo menos não tardará. Ah, e esses momentos repetitivos, também me deparei com alguns deles, mas ao meu ver, eles são logo ultrapassados por uma nova reviravolta. Acho que se a leitura fosse frenética em toda página, seria muito confuso.

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  6. Oie Joshua
    vão me chamar de preguiçosa, mas 15 livros...nha, desanimei rs
    Poxa, quando li a trilogia O senhor dos anéis pensei que nunca nenhuma outra fantasia iria me fisgar do modo como a de Tolkien me fisgou.Acho que só A guerra dos tronos exerceu o mesmo efeito, e mesmo assim confesso que estou com uma preguiça enorme de pegar o segundo livro pra ler.
    Mas sua resenha foi tão, mas tão convincente, que caraca, agora fiquei aqui desejando saber o que acontece...e esse mapa ai só me deixou ainda mais louca.
    Bjos
    www.mybooklit.com

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    1. Haha, 15 livros é um desafio e tanto! Mas a leitura é totalmente válida, e é daquelas obras que dá vontade em colocar ao lado de Tokien e os grandes autores de fantasia, pois me parece ser um dos melhores do segmento fantástico. Não fica com preguiça não, e leia sem hesitação, haha!

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  7. Esse livro é o primeiro de uma série com quatorze livros e possui 800 páginas? :o Isso realmente me assusta!
    Vi aqui que o autor faleceu em 2007 e que os últimos três livros foram publicados em coautoria. É isso mesmo? Aliás, seria como aconteceu com alguns livros do Sidney Sheldon, que a família autorizou a continuação?
    Independente disso, o livro parece ser muito interessante, principalmente para quem gosta de livros do gênero. Ainda não conhecia nada da série, assim como não conheço o universo de Tolkien, mas esse certamente vai para minha lista de leitura. Só não posso enrolar para começar a ler...

    Abraços e parabéns por essa excelente resenha!
    Ricardo - www.overshockblog.com.br

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    1. Sim, isso mesmo, e infelizmente o autor veio a falecer depois de ter publicado o 11º livro, e os três últimos ficaram por conta de Brandon Sanderson, autor de Elantris, que pouco sei, foi escolhido para finalizar a saga. Para quem gosta mesmo do estilo fantástico, é uma ótima pedida.

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